segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A carta de apresentação

Lembro-me do meu amigo americano me explicar que o que se escreve na carta de apresentação não deveria aparecer repetido no CV. Um pouco difícil já que o CV é a nossa "história" e a carta serve para "nos apresentarmos" :)
Acabei por perceber o que me queria dizer: se no CV tenho que fiz um curso sobre energia solar, não interessa voltar a falar nele na carta, a não ser que seja mesmo importante salientar esse facto. Outro exemplo: se digo no CV que trabalhei como directora de obra, na carta poderei dizer que foi nesse trabalho que desenvolvi as minhas competências como gestora de projecto. Ou seja, é um escrever sobre o mesmo assunto, mas não repetindo as mesmas ideias e principalmente as mesmas palavras.

A carta deve ser vista como um cartão-de-visita. Como uma bibliografia curta de cada um, como é referido aqui. É a nossa oportunidade de nos apresentarmos como pessoa, e não apenas como mais um potencial trabalhador. Para além da experiência profissional adequada para uma certa oferta de trabalho, temos, em cada um de nós, mais-valias, muitas delas resultado de um processo de crescimento pessoal. As empresas (principalmente as grandes) procuram pessoas apaixonadas, diferentes, humanas, capazes não só de se encaixar no perfil da empresa, mas também de contribuir para um melhor desempenho da empresa.

Existem empresas que pagam, sim, as deslocações dos candidatos para entrevistas. Como também existem aquelas que não (mesmo sendo grandes empresas). Na carta de apresentação dêem a entender que são flexíveis. Aliás, e porque não, conciliar umas pequenas férias na Alemanha com várias entrevistas de emprego? Digam que estarão na Alemanha de dia tal a dia tal e que ficariam muito contentes se pudessem, durante esse período, ter uma entrevista.

Se tiverem alguém amigo a viver na Alemanha, peçam-lhe para colocar a sua morada no vosso CV. Há quem compre até um cartão de telemóvel alemão para poder colocar esse número no CV. Assim, o facto de se viver em Portugal, não será desculpa para a empresa vos eliminar logo à partida da lista de potenciais candidatos (a crise está aí. As empresas não podem pagar as deslocações a tudo o que é candidato, principalmente se esse candidato viver noutro país).

Se tiverem alguns conhecimentos de alemão, que assegurem pelo menos uma conversa informal, podem tentar enviar os documentos em alemão. Se não, apostem no inglês. Mas nada de erros ortográficos! E o esquema da carta deve ser, claro, conforme ditam as regras (nunca se deixou de usar o "Ex. mos Senhores," porque razão pensam as pessoas que podem começar uma carta deste tipo com "Caro colega," (como já vi muitos usarem)????)


Portanto:

1° Parágrafo: curta bibliografia - Quem são? Profissão e como chegaram até aqui, como profissionais (trabalhando numa pequena empresa no estrangeiro (Portugal), p.ex., onde vos foram solicitadas diariamente tarefas de gestão de vários projectos); onde estudaram (e porque não dar ênfase onde se estudou? Afinal, foi aí que começou a vossa formação como profissionais); acrescentar alguma informação relevante ao lugar a que concorrem (um curso relevante e porque o decidiram fazer);

Escolher duas a três experiências profissionais que sejam relevantes para a candidatura, e descrevê-las (uma por parágrafo) sucintamente por ordem de importância (da mais importante para a menos importante). Há quem diga que o tamanho do parágrafo deve corresponder à importância dessa mesma experiência.

Último parágrafo: explicar o que se quer com a candidatura, porque se quer, e porquê na empresa a que concorrem.

Agradecer pela atenção prestada, referir que documentos se encontram em anexo (CV, pelo menos) e dizer que estão disponíveis para qualquer esclarecimento. Podem também aproveitar e dizer que, estão a contar em estar na Alemanha (mais propriamente na cidade onde se encontra a empresa ;) ) do dia tal a dia tal, e que ficariam muito contentes se surgisse a oportunidade de ter uma entrevista.


P.s.: Vários exemplos de cartas de apresentação: em inglês e em alemão.